quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A culpa é dos nordestinos


Muito se tem falado na atualidade a respeito do preconceito às minorias.  A bandeira contra o racismo e a homofobia e, até mesmo questões ligadas à violência e o preconceito contras as mulheres, são assuntos que estão sempre em pauta nas discussões cotidianas. Sejam elas dentro do ambiente político, da imprensa ou de debate entre os cidadãos.

É muito interessante que as pessoas opinem. E essas conversas geralmente acontecem no trabalho, em casa, nas universidades, nas redes sociais, entre outros lugares. A questão é que existe um preconceito escancarado, mas muito pouco debatido até as últimas semanas. O preconceito da classe média paulistana e dos estados do Sul contra o Nordeste.

Sou gaúcha, moro em São Paulo há 10 anos, e sempre escutei comentários xenófobos a respeito dos nordestinos.  Coisas do tipo: “Eles vieram para cá e empestearam a cidade”.  “São Paulo é terra de ‘baiano’, aqui só tem gente lá de cima." E, sinceramente, comentários oriundos de pessoas de todas as raças, classes sociais e preferências políticas.

É inegável a preferência do estados do Nordeste pela candidata Dilma Rousseff e, em eleições anteriores, pelo presidente Lula.  Isso já acontece há algum tempo e, segundo o senso comum, isso se devo ao fato de grande parte da população de lá ser beneficiada por medidas assistencialistas e consequentemente eleitoreiras. Se isso é verdade ou não, esse não é o assunto deste artigo.  O que gostaria de discutir é o ataque de eleitores - que não concordaram com o voto da maioria da população  de lá - e que manifestaram ódio e preconceito contra os que votaram na candidata do PT.

Entre os comentários preconceituosos das redes sociais está o do usuário Bruno (@brunosantiagoz). Ele afirmou que “esses nordestinos desgraçados parecem que não sabem que a culpa da falta de água em São Paulo é da lazarenta da Dilma”.  Já a internauta Júia Colonetti (@juliacolonetti) escreveu que o “preconceito contra o Nordeste é do Sul mesmo e tô nem aí, quero que se f* sozinhos pq não tenho culpa da burrice deles."

Pude sentir o outro lado, lendo um comentário de uma colega de faculdade, que vive no Ceará, a jornalista Grace Spínola.  Ela escreveu no Facebook o seguinte post:

“Amigos, vou ser BEM franca: parem de falar mal do nordeste! Quem quiser formar uma opinião, venha aqui, veja.  Mas falar de ‘graça' sobre uma situação que nem se passa na sua cabeça, eu não admito. Muito menos dizer que o Nordeste deveria ser  ‘afastado’  do país.  Não importa o ‘tom’, esse tipo de ‘brincadeira’ separatista é nojenta.  Não nasci em Fortaleza, mas moro aqui há tantos anos que me considero nordestina. E não irei admitir nenhum comentário contra o povo desta terra. Para mim, pouco importa em quem você vai votar. Respeito é bom e eu gosto. E sim, vou excluir qualquer um que falar mal de nordestino.”

Muitos dos posts das redes sociais concluem que “a culpa é dos nordestinos” pelo resultado da eleição.  Como se a Dilma não houvesse ganhado em Estados expressivo do Sul e Sudeste, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Mas, como eu disse no início do texto, o assunto do artigo não são os resultados das eleições, mas os ataques à inteligência e ao poder de voto do eleitor do Nordeste. Que como outras pessoas que foram alvo de racismo e preconceito, também têm o direito de serem respeitados.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sábio Zeca Pagodinho



"Mas digo sinceramente, na vida a coisa mais feia, é gente que vive chorando de barriga cheia."