sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Voltei

Depois de um longo hiato, voltei para o meu refúgio. Estive bem ocupada nos últimos tempos, não consegui parar para escrever algo que realmente me inspirasse. Nesse intervalo muitas coisas aconteceram na minha vida, no Brasil e no mundo. Minha mãe veio para São Paulo para um congresso de odontologia, saímos bastante e conversamos muito. Fiz uma entrevista de emprego muita bacana e, espero sinceramente, que a resposta seja positiva. Entre os fatos mais relevantes do país, houve também guerra entre as polícias de São Paulo, eleição e um seqüestro com um desfecho trágico. Vale ressaltar que a cobertura da mídia no caso de Santo André foi irresponsável, para não dizer outra coisa... A crise na economia americana que, obviamente, afetou o mundo inteiro, também estourou nesse período. Mesmo tendo sido anunciada e prevista já há bastante tempo.
Um dos fatos curiosos que aconteceram durante a minha ausência no blog, foi um email que recebi essa semana. Na época da faculdade eu escrevia para uma revista eletrônica chamada Canal da Imprensa. É um veículo do próprio curso de jornalismo - que analisa quinzenalmente por meios dos artigos dos alunos - temas diversos relacionados à mídia. No email que recebi, um colega de faculdade - que hoje é um dos responsáveis pela agência de notícias da instituição - me informou sobre o interesse da Editora Saraiva em publicar um artigo meu em um dos livros didáticos de português para o ensino médio. O artigo foi escrito em 2004, eu tinha 22 anos e estava no último ano da faculdade.
Não lembrava dele, mas ao relê-lo, fiquei feliz em saber que a minha opinião naquele momento, mesmo que atualmente seja mais completa, será útil para o aprendizado de outras pessoas.
Para quem tiver curiosidade, o endereço do Canal da Imprensa é: http://www.canaldaimprensa.com.br/.
O artigo está em edições anteriores, no seguinte link: http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/especial/trint1/especial26.htm

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A cegueira além da visão

Semana retrasada assisti o filme Ensaio sobre a Cegueira dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. Para quem não sabe, o filme foi baseada na obra de José Saramago – escritor português e Prêmio Nobel da Literatura de 1998. Eu não li o livro, mas há cerca de uns cinco anos mais ou menos, um grande amigo e colega de faculdade – o jornalista Fernando Torres – leitor ávido de Saramago, estava lendo o livro e disse algo que só fui me lembrar durante a exibição do filme. Ele me disse na ocasião que a narrativa do autor era tão rica em detalhes, que ele conseguia imaginar algumas cenas como se ele as estivesse vendo. Quando eu vi o filme pensei o tempo todo na conversa com o Fernando. Com certeza o outro Fernando – o Meirelles - sentiu o mesmo e, por ser cineasta, resolveu fazer um longa-metragem.

Existem centenas de sinopses sobre o filme na internet e em veículos especializados em cinema. Para quem nunca leu ou não sabe nada a respeito da obra, a história descreve uma epidemia de cegueira que atinge uma cidade, fazendo com que as pessoas exponham cada vez mais seus extintos primitivos. É uma análise muito interessante de Saramago – que unida ao olhar de Meirelles – resultou em uma trama forte, mas que me fez refletir. A cegueira é apenas uma analogia da condição humana em situações de fragilidade.

Quando os cegos voltam às ruas encontram um lugar totalmente devastado, onde imperam o caos e a fome. Não estou querendo dizer que sou uma espécie de cientista social ou até mesmo profetiza, mas nesse momento pensei em uma possível posição negativa dos cegos em relação ao filme. Quando fiquei sabendo da manifestação da Federação Nacional dos cegos de Maryland, nos Estados Unidos, me dei conta de que estava certa.

Saramago fez críticas duras ao que aconteceu, dizendo que foi “uma manifestação de mau-humor sustentada em nada”. Concordo em partes com o autor: por mais que a cegueira em si tenha sido colocada daquela forma por fatores subjetivos e tal, eu também entendo o lado daqueles que não puderem ver o filme, mas que mesmo assim sentem-se injustiçados. Talvez em um mundo só de cegos, muitos erros, mazelas e destruições seriam evitadas. E mesmo enxergando - como a mulher do oftalmologista do filme - muitas vezes não temos como sentir a dor e o sofrimento das outras pessoas.

Discussões à parte, o filme é ótimo. Não deixem de assistir! Abaixo, um link para um vídeo de Saramago ao lado de Meirelles após a exibição do filme.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Fica Proibido

A internet é algo curioso. Alguns amigos já leram o blog e até já me disseram o que acharam. Estou empolgada com o meu refúgio e, espero que ele não seja como mais uma de minhas agendas da adolescência. Mesmo estando com um espírito de blogueira assídua, não tenho o intuito de escrever todos os dias. Se um dia eu tiver vontade, tempo e disposição de escrever mais de uma vez ao dia – também não exitarei em fazê-lo!

A última vez que senti algo parecido relacionado à web, foi em 2004, quando o Orkut virou uma febre no Brasil. Hoje eu não tenho mais a mesma sensação, claro, pois ter uma conta no Orkut já virou mais do que lugar-comum. Sem contar a falta de segurança e privacidade. Há duas semanas resolvi sair, pois invadiram a minha conta, mandaram mensagens que eu não escrevi e adicionaram comunidades que não tinham nada a ver comigo. Tenho planos de retornar, mas com menos amigos, menos comunidades e com um enfoque mais voltado para contatos profissionais.

No meu último perfil do Orkut eu coloquei um poema de Pablo Neruda chamado “Fica Proibido”. Nem tudo o que está escrito nele eu sigo à risca, mas com certeza retrata muito do que eu busco no atual momento. Nunca fui muito ligada em poesia, mas tenho verdadeira paixão por esse poeta chileno. O texto dele é simples, contemporâneo - e não tem nenhuma pretensão de ser erudito ou prolixo. É interessante como tudo o que vem do Chile é bacana, com exceção de Pinochet, é claro!

Sou do Rio Grande do Sul e tive um contato muito forte com as culturas do Uruguai e da Argentina. Mesmo assim, o Chile e alguns personagens que fazem parte da sua história me chamam a atenção, como Neruda e Salvador Allende. Em outra ocasião, com mais pesquisa e, quem sabe, depois de uma visita ao Chile, poderei falar com mais propriedade sobre esse país fantástico.
Para quem não leu, aí está o poema do meu perfil:
Fica Proibido
"Fica proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer,
Ter medo das tuas recordações
Fica proibido não sorrir ante os problemas,
Não lutar pelo que queres,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar em realidade teus sonhos
Fica proibido não demonstrar o teu amor,
Fazer com que alguém pague pelas tuas dúvidas e pelo teu mau humor
Fica proibido deixar os teus amigos,
Não tentar compreender aquilo que viveram juntos,
Chamá-los somente quando precisa deles
Fica proibido não seres tu perante todos,
Fingir para as pessoas que não te importas,
Esquecer todos os que te querem
Fica proibido não fazeres as coisas para ti mesmo,
Não fazeres o teu destino,
Ter medo da vida e dos teus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse o último."

Pablo Neruda

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O blog e os diários

Engraçado. Sou formada em jornalismo, sou viciada em internet desde 1997 - quando a nova tecnologia chegou à minha casa em Porto Alegre - mas só agora resolvi criar um blog. Por algumas circunstâncias - que não cabem citar aqui - hoje me sinto preparada para escrever o que sinto. Nunca fui boa em diários. Na adolescência invejava a minha irmã mais velha, Natasha, pois as agendas dela eram repletas de confidências e poemas juvenis. Ela escrevia todos os dias, eu não conseguia passar do mês de março.

Mas o que o blog tem a ver com isso? Quando meninas escrevem seus perfumados e coloridos diários, o fazem com capricho e escolhem as melhores palavras, pelo simples fato de terem a certeza de que alguém vai lê-los: seja o namoradinho da escola, as amigas ou até mesmo o pai curioso e preocupado com as aventuras da filha. Ninguém escreve o que está sentindo para si mesmo; caso contrário não escreveria, guardaria para si ou desabafaria chorando no banheiro.

Os diários e os blog são escritos para as outras pessoas. O ser humano gosta de compartilhar emoções e opiniões, seja por vaidade, carência ou até mesmo por razões educativas.
Cansei de só escrever resenhas, dissertações e matérias de cunho institucional. Quero escrever o que penso. Bem-vindo ao meu refúgio!